Planos
Para que tê-los? Como não tê-los? Melhor não tê-los! Mas se não os temos | Como sabê-los?
Existem dilemas que valem o nosso tempo.
Um objetivo sem um plano é só um desejo.
E não importa a grandiosidade do objetivo. Pode ser uma ida à padaria ou a escalada do Everest.
Se você quer que Deus dê umas boas risadas, conte a ele os seus planos.
Vira e mexe, mudamos a nossa opinião sobre planos. Não raro, o pêndulo vai pra lá e pra cá no mesmo dia. Basta que um plano funcione; Basta um imprevisto.
É mais fácil manter a fé em planos quando eles têm boas respostas para perguntas do tipo “e se”. Por isso o carro tem um estepe e a gente deveria ter um pé de meia. Bons planos criam redundâncias. O eficientismo crônico — o Just in Time pra ontem — acha que toda redundância é desperdício. Quem sofre dessa patologia mesquinha não planeja: fixa prazos e orçamentos. Por isso vive dando com os burros n’água. E nos torrando a paciência com o tradicional discurso fatalista dos ‘azarados’.
A introdução acima não estava nos meus planos quando, debaixo de uma ducha morna, rascunhei este post. Cogitei publicar uns planos. Aí lembrei da frase do Woody e ponderei: devo? Por que não?, perguntou outro Woody:
Take it easy, but take it!
finito XX
No início de 2004, morando em São Paulo, comecei a imaginar o início de uma carreira solo. Confesso que minha memória vai romantizar e encurtar a trilha:
Selecionar um tema
Pesquisar e desenvolver um artigo e uma palestra
Publicar o artigo
Inscrever a palestra em eventos
Aumentar a rede de contatos
Sentar e esperar a primeira venda solo
Funciona, sabe? Em maio daquele ano inaugurei o finito para falar sobre “Aprendizado Inter-Projetos”. Em outubro, tremendo, apresentei a palestra no Seminário SUCESU-SP Gestão de Projetos de TI. No ano seguinte, 2005, já estava de volta à boa terra, iniciando a terceira e provável última etapa de minha vida profissional.
Pretendo comemorar os 20 anos de finito repetindo os passos 1, 2 e 3 da lista acima. A escolha do tema foi bem simples. Tanto, que parece que eu não tive escolha: vou escrever sobre a Cibernética Organizacional e o seu Modelo do Sistema Viável (VSM, Viable System Model)1. Minhas únicas certezas? Não há uma deadline e o orçamento é pititinho. Ou seja, que projeto maravilhoso!

Cotação
Caminhante, são suas pegadas
a estrada e nada mais;
Caminhante, não há caminho,
o caminho se faz caminhando.
Ao caminhar o caminho se faz,
e quando olha para trás
se vê o caminho que nunca
tem que ser pisado novamente.
Caminhante não tem caminho
mas trilhas para o mar.
Tema que ainda não mereceu nem uma entrada na Wikipédia (pt-br)!
São pouquíssimos os trabalhos sobre VSM em português do Brasil. Essa é a fome. A vontade de comer é o vai-e-vem dos temas Design Organizacional, Arquitetura de Negócios e similares. Vou me meter nessa cumbuca. De novo!
Stafford Beer, igualmente poeta, era fã do espanhol Antonio Machado. O trecho destacado — Caminante, no hay camino, / se hace camino al andar — estica a interrogação que começou com Vinícius de Moraes lá no topo. Vinícius não falava de planos e sim de filhos. Que são, em algum plano, um plano. Como não?
Este foi um post bem poético, quem diria?