Se é difícil de entender, é complicado. Se a estrutura é repleta de componentes -como num clássico relógio analógico — ela é complicada. Se o negócio é cheio de desvios, check-points e conferências, ele é complicado. Se é burocrático, é complicado. Se está difícil de ler, está complicado.
Não há meio termo quando lidamos com a estrutura de um sistema: ou ela é simples ou é complicada.
Se é imprevisível, é complexo. Se o comportamento é repleto de dúvidas e possibilidades — como num bom jogo de futebol —, ele é complexo. Se o negócio é inovador, surpreendente e diversificado, ele é complexo. Se o sistema envolve gente, ele é complexo. Porque nós somos sistemas complexos.
A complexidade é o meio termo quando tratamos do comportamento de um sistema. Numa ponta, a ordem — a previsibilidade total. Na outra, o caos.
Estrutura e Comportamento — Espaço e Tempo. Olhando assim, podemos ter um sistema que é simples e complexo ao mesmo tempo. Um time, por exemplo. Sua estrutura é simples: três pessoas. Podemos dizer que seu comportamento é totalmente previsível? Nunca! É o mais puro caos? Também não.
O modelo acima foi sugerido por Jurgen Appelo1. Patrick Hoverstadt usa termos um pouco diferentes: Complexidade Estrutural e Complexidade Dinâmica. Mas o entendimento é o mesmo2. Yves Morieux e Peter Tollman, tratando especificamente de negócios3, vão um pouco além: a complicação é a nossa resposta desastrada para o aumento da complexidade do ambiente. Bingo!
Nós criamos as complicações. Nós instalamos as barreiras, chicanas, certidões e cartórios. Nós inventamos a tristeza4. Que tenhamos a inteligência e a fineza de desinventar5.
Management 3.0: Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders (Addison-Wesley, 2010).
The Grammar of Systems: From Order to Chaos & Back (SCiO, 2022).
Muito bem documentada num par de livros de David Graeber que não vou cansar de indicar:
The Utopia of Rules: On Technology, Stupidity, and the Secret Joys of Bureaucracy (Melville House, 2016).
Bullshit Jobs: a Theory (Simon & Schuster, 2019).
A tristeza — burocracia, complicação — também é a motivação de Humanocracia, de Gary Hamel e Michelle Zanini (Alta Books, 2021). Aqui, com casos de quem está conseguindo vencê-la. E uma pesquisa que merecia mais burburinho: trata do Índice de Massa Burocrática (BMI - Bureaucratic Mass Index). Faça seu teste de graça agora mesmo!