É famosa a dificuldade de encaixar o Pensamento Sistêmico em livros, aulas, cursos e oficinas. Afinal, como se embala uma indisciplina?
A grande maioria dos livros sobre o tema nos ensina metodologias, métodos e ferramentas. Não o Pensar. O que não significa que devemos evitá-los, pelo contrário. São de muito valor. Mas todos têm furos e pontos cegos. Todos, sem exceção.
Como o Pensar em Sistemas é uma resposta à complexidade crescente, a diversidade de perspectivas e metodologias é necessária. Porque só a variedade absorve variedade1. Entretanto, passa da hora de termos algumas definições comuns. Não pega bem, por exemplo, que até hoje tenhamos dificuldade em explicar o que significa Pensar em Sistemas.
A Abordagem Sistêmica ganha holofotes de novo. Deve ser a quarta ou quinta vez desde a sua fundação2, em meados do século passado. O número de livros e cursos lançados recentemente é bom indicador da nova onda. A bagunça lá fora, a policrise, explica a demanda.
O nível de raciocínio que nos colocou nesta bagunça não é o nível de raciocínio que nos tirará dela.
Como se aprende esse nível de raciocínio, essa mentalidade? Como se aprende a Pensar em Sistemas3? Tem um monte de jeito. Eu quero te apresentar dois.
Um Curso e uma Oficina
Curso de Pensamento Sistêmico. Assim mesmo, sem apelido nem sigla. Ao colocar metodologias, métodos e ferramentas em segundo plano nós facilitamos o desenho de um curso — de um caminho. Este curso mira iniciantes sem abrir mão dos iniciados e pensadores sistêmicos não praticantes. Tem dois encontros semanais com 90’ cada durante sete semanas. Carga total de 21 horas. Em turmas abertas, sempre online e ao vivo.
O curso apresenta as principais escolas e propostas do Pensamento Sistêmico na medida em que usa seis Lentes Sistêmicas: Emergência, Ambiente, Comportamento, Estrutura, História e Pontos de Vista. Cada lente nos apresenta uma feição que não pode ser ignorada quando estudamos ou desenhamos um sistema.
Oficina, em todo bom dicionário, tem dois significados: 1. Um lugar onde se cria ou conserta algo; ou 2. Um seminário ou curso de curta duração. Esta Oficina de Sistemas atende aos dois sentidos. Porque nós vamos aprender a Pensar em Sistemas enquanto desenhamos e consertamos um sistema. Ou seja, é um evento 100% prático que só funcionará em turmas fechadas com um tema razoavelmente delimitado4.
Se você quer mostrar às pessoas um novo jeito de pensar, não gaste seu tempo tentando ensiná-las. Em vez disso, dê-lhes uma ferramenta cuja utilização levará a novas formas de pensar.
Não dá para aprender sozinho o que só se faz em grupo. Cooperação e entrosamento são habilidades coletivas. Esse tipo de capacidade não se compra, não se contrata nem se cria na base da imposição ou persuasão. Essas aptidões precisam ser desenvolvidas. Esta oficina foi desenhada do zero para motivar e orientar o desenvolvimento dessas habilidades.
Pauta
A partir de agora os posts deste finito seguirão o curso. De duas maneiras:
Com os principais tópicos do programa na sequência original; e
Com prestações de conta (#rendiconti) dos eventos. Assim, compartilhando mancadas e acertos, abro mais possibilidades de fidbeque na esperança de orientar melhor a evolução dos dois produtos.
Como estamos falando de propostas muito novas, tanto no conteúdo quanto no método, as edições deste ano terão preços bem especiais.
Pronto! Agora passo a bola para o velho finito e para a bilheteria:

Gramática
Princípio da Escuridão (Darkness Principle)
Nenhum sistema pode ser conhecido completamente. Sempre haverá algo sobre um sistema que você desconhece.
Ps: Os posts serão fechados com um item da Gramática ou do Glossário de Sistemas enquanto estivermos em curso. Boa parte dessas definições vem da The Grammar of Systems: From Order to Chaos & Back, de Patrick Hoverstadt (SCiO, 2022).
Essa é a Lei da Variedade Requerida, ou Lei de Ashby. Vem da Cibernética clássica e é fundamental para a compreensão de sistemas e suas relações com o ambiente. Reaparecerá em breve na nossa Gramática.
Quando a matéria ganhou nome e corpo, sintetizando as descobertas da Cibernética e da Teoria da Informação, principalmente. Há quem goste de apontar para a Grécia antiga ou para o extremo oriente de milênios atrás para indicar a origem do Pensamento Sistêmico. Ou seja, nem nisso temos um acordo. Mas essa divergência não nos atrapalha em nada. Na verdade, só enriquece os debates.
É bom esclarecer: Einstein não recebeu jabá. Ele não estava fazendo propaganda do Pensamento Sistêmico. No entanto, pelo que sabemos, ele não negaria que a Abordagem Sistêmica é parte fundamental desse necessário nível de raciocínio. Pressionado, eu colocaria apenas outras duas partes: os Pensamentos Crítico e Criativo.
A delimitação de fronteiras sempre é um ato arbitrário. Quase sempre controverso. Estudamos fronteiras na terceira semana da curso, quando conversamos sobre Ambiente.